O Sebastianismo no DNA do Brasil

Dom Sebastião
Pintura a óleo do português Cristóvão de Moraes,  1571. 

O sentimento político da maioria dos brasileiros é messiânico. Sempre acham que um um líder vai salva-los da opressão e da miséria. Hoje de manhã me ocorreu uma pergunta: de onde vem esse sentimento? Isso é recente ou está no DNA da sociedade? 

Pesquisando um pouco percebi que a ideia de um "salvador da pátria " pode ser , de fato,  cultural.

Os tropas de Portugal,  lideradas pelo jovem e inexperiente rei Dom Sebastião,  lutaram em Alcácer Quibir,  no atual Marrocos,  contra os árabes em 4 de agosto de 1578. Dom Sebastião simplesmente sumiu e foi dado como morto. Seu corpo nunca foi encontrado. O rei não deixou herdeiros e o trono foi ocupado por seu tio avô,  o cardial Dom Henrique, que morreu alguns  anos depois,  também sem herdeiros. Quem assumiu o trono foi Dom Felipe,  rei da Espanha.  

Os portugueses não queriam que o reino fosse submetido a um rei espanhol, e como o corpo de Dom Sebastião não foi encontrado,  criou-se uma crença de que ele retornaria á Portugal para assumir o trono e libertar a nação do julgo da coroa espanhola. Essa crença ficou conhecida como sebastianismo. 

O sebastianismo chega ao nordeste do Brasil através das histórias de Jorge Albuquerque Coelho,  que lutou ao lado de Dom Sebastião. O sebastianismo evolui de tal forma no Brasil que no século XIX torna-se uma crença mística,  onde um lider religioso chamado Antônio Conselheiro pregava o retorno de Dom Sebastião para reestabelecer a monarquia e as relações entre Brasil e Portugal. 

A impressão é que esse sentimento de esperança na chegada de um líder que vai libertar o povo ficou encruado no imaginário popular. O povo brasileiro tem uma forte tendência em idolatrar pessoas que chegam ao poder, mesmo que essas pessoas se inclinem ao despotismo. O que vemos recentemente é exatamente o mesmo sentimento:  é alguém que pode salvar o Brasil do comunismo,  depois  é a crença de que alguém pode libertar o Brasil da volta da ditadura militar. Mas no passado pode se observar a figura de Getúlio Vargas que, apesar da autocracia,   era  chamado como o " pai dos pobres ". 

Hoje o crença sebastiânica ainda existe no Estado do Maranhão, na ilha dos Lençóis. Seus moradores acreditam que a ilha é encantada e orientam os visitantes que não levem  nada da Ilha como lembrança, afirmando que tudo que existe lá pertence a Dom Sebastião.

Referência:

Análise do autor do texto

GASPAR, Lúcia. Sebastianismo no Nordeste brasileiro. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.. 

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