Laurinda Santos Lobo: A Dama dos Mil Vestidos

 

Laurinda Santos Lobo 

Laurinda Santos Lobo nasceu em Cuiabá, em 1878 e mudou-se para o Rio de Janeiro ainda jovem. Foi morar com seu tio, Joaquim Murtinho,  nessa altura médico da princesa Isabel,  do Visconde de Ouro Preto, de Marechal Deodoro e outros figurões da época. A família Murtinho era dona de muitas terras no Mato Grosso é que produzia erva mate. Joaquim Murtinho era proprietário da fábrica Mate Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Murtinho também era acionista da companhia de bondes carioca Ferro-Carril. Homem poderoso, morreu sem filhos e deixou toda sua fortuna para Laurinda. 

Laurinda se torna uma mulher rica, independente, dona de si, que recebia em seus salões intelectuais,  políticos 4 e artistas talentosos iniciantes. Seu amigo João do Rio, certa feita,  apareceu em Santa Teresa com uma bailarina desprovida de sorte, no ano de 1916. Era a norte americana Isadora Duncan,  expulsa da Argentina por dançar semi nua em Buenos Aires com a bandeira nacional do país sobre os ombros. Chegou ao Rio de Janeiro sem nada. Laurinda acolheu Isadora e deu-lhe dinheiro para roupas e hospedagem no Hotel Moderno. 

Laurinda morou no palacete onde está hoje o Museu Santos Lobo. Depois foi morar em um casarão próximo ao largo do Curvelo,  onde é hoje o parque das ruínas. Aliás, as ruínas do parque são as ruínas do seu casarão. 

Ficou conhecida como a marechal da elegância,  a dama dos mil vestidos. Realizava saraus frequentados por Villa Lobos, Julia Lopes de Almeida,  Santos Dumont,  Guiomar Novaes,  Madalena Tagliaferro, Olga Coelho,  entre outros. Foi retratada pelo pintor gaúcho Leopoldo Gotuzzo. 

Laurinda não teve filhos. Faleceu em 1946. Seu casarão foi saqueada. Tudo desapareceu misteriosamente. Certamente coisas de sua  parentela  a tomar para si o que achava pertencer. O casarão  ficou abandonado por décadas, caiu aos pedaços,  serviu de abrigo para mendigos e traficantes.

Referência:

Machado,  Heloisa. Laurinda Santos Lobo, Artistas e outros marginais em Santa Teresa. Companhia das Letras. 2002.

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